A Pandemia pode Ocasionar Traumas? O que é Transtorno de Estresse Pós-traumático?

Os efeitos da pandemia na nossa saúde mental é tema que temos discutido, refletido e tentado remediar desde o inicio da COVID-19.  Porém, manter a saúde mental, depois de mais de um ano de tantas mortes, privações, frustrações e angústias não é tarefa fácil, e, diante disso, vemos o aumento significativo de casos de ansiedade e depressão. 

Para além desses quadros clínicos, outro transtorno que tem demonstrado aumento significativo diante da pandemia é o Transtorno de Estresse Pós-Traumático. 

Podemos até nos questionar: como viver o pós-traumático se a pandemia ainda não acabou? Infelizmente, vivemos esse momento em que, apesar de viver a situação crítica da  COVID-19, muitos já vivenciam o trauma causado por ela.  

Mas afinal, o que é o transtorno de estresse pós-traumático (TEPT)? 

O transtorno de estresse pós-traumático é um distúrbio de ansiedade que se desenvolve em indivíduos que foram expostos a situações violentas de risco à sua vida ou à vida de terceiros, gerando, assim, traumas extremos que podem alterar a forma como a pessoa pensa, sente e se comporta.  

Os sintomas do TEPT são:  

Re-experiência traumática: lembranças frequentes do evento, por meio de pesadelos e flashbacks. Mesmo não querendo pensar sobre o trauma, o paciente se lembra dele e revive o episódio como se estivesse ocorrendo naquele momento e com a mesma sensação de dor e sofrimento vividos no passado.  

– Ansiedade intensa e reações exageradas a estímulos gerando, alterações das respostas do dia-a-dia. Maior irritabilidade e hipervigilância, dificuldade de concentração, distúrbios do sono, taquicardia, sudorese, tonturas, medo, pavor, desinteresse em atividades, incapacidade de sentir emoções positivas, perda de memória de momentos significativos do evento; 

– Esquiva e isolamento social para fugir de situações, contatos e atividades que possam reavivar as lembranças dolorosas do trauma. 

Não é necessário apresentar todos os sintomas para o diagnóstico e os sintomas podem se manifestar em qualquer faixa etária. Portanto, as crianças também estão suscetíveis ao transtorno e merecem todo nosso cuidado.  

Para todas faixas etárias os sintomas  podem aparecer até seis meses após uma experiência ou evento traumático e permanecem por no mínimo um mês. Além disso, vale ressaltar que pode haver situações de comorbidades, ou seja, outras condições patológicas podem estar presentes além do TEPT no indivíduo.  

É necessário estar atento aos sintomas e, se necessário, buscar ajuda profissional para o diagnóstico adequado.  

Lembre-se: cada um tem sua forma de reagir frente às situações que colocam a sua vida ou de alguém próximo em risco. Quem pode contar e avaliar o quanto a situação foi traumática para você é apenas você, portanto, fique atento aos sintomas após a vivência do estresse e, se precisar, procure ajuda profissional para diagnóstico e tratamento adequado

Setembro Amarelo: A Importância de Falar sobre a Saúde Mental

Cuidar da nossa saúde não se restringe a apenas procurar um médico no momento que adoecemos, cuidar da saúde é ter hábitos saudáveis para que ela não venha a nos faltar. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) o conceito de saúde é um completo estado de bem-estar físico, mental e social e, dessa forma, merece atenção em todas as suas vertentes.

Nesse contexto, podemos categoricamente afirmar que: Não existe saúde sem saúde mental!

Porém, infelizmente, o cuidado com a saúde mental por muito tempo sofreu grande preconceito, quem nunca ouviu termos pejorativos associados à saúde mental? ou ainda o estigma que psicólogo é coisa de louco ou supérfluo?

Todo esse preconceito e desvalorização com a saúde levou nossa sociedade para além de adoecimento, nos levou para os diferentes conflitos pessoais, interpessoais e profissionais advindos de inabilidades dos indivíduos em lidar com suas emoções.

Nesse sentindo trazemos a importância da campanha do setembro amarelo como mês de valorização da vida e prevenção ao suicídio, realizada no Brasil desde 2015 pela Associação Brasileira de Psiquiatria em parceria com o Conselho Federal de Medicina. A campanha do setembro amarelo busca debater, mais fortemente no nesse mês, sobre as psicopatologias e cuidados com a saúde mental a fim de quebrar os tabus referentes a essa temática e trabalhar com seriedade a prevenção o suicídio que deve ocorrer todos os meses do ano.

Compreender que o suicídio não tem apenas um evento causal, mas motivos multifatoriais permite que desassociemos essa atitude com o estigma de um ato de fraqueza e possibilita maior manejo com a dor do outro, evitando assim, comparações referentes à intensidade de sofrimento, oportunizando acolhimento adequado e direcionamento necessários.

Além disso, a pessoa que pensa em suicídio, apresenta atitudes prévias (mesmo que sutis) que podem ser percebidas, por isso, atente-se a:

· Mudança repentina de comportamento;

· Isolamento;

· Falas como: quero sumir, vontade de dormir para frente, não sou suficiente, entre outras;

· Falta de autocuidado;

· Ausência de projetos futuros, entre outros.

Ao perceber algum desses comportamentos, ofereça uma escuta empática, através da compreensão e validação dos sentimentos, sem julgamentos e orientando a busca por um profissional adequado.

Lembre-se, a pessoa que tem ideações suicidas, não quer tirar a vida, mas sim, livrar da dor que está sentindo.

Aline Cristina Gavioli e Thaise Fernanda Mendes Soares

Psicóloga Psicóloga

CRP 06/164909 CRP 06/128703

Clinica Confortável Mente

(16) 21210704

Rua Capitão Adão Pereira de Souza Cabral, 467

Centro – São Carlos-SP

Dicas para Festas Fim de Ano para Pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA)

As comemorações de final de ano são momentos de muita celebração na nossa cultura, com queima de fogos, comidas típicas e união dos familiares. Porém, nem todos conseguem aproveitar e se divertir da mesma forma.

Pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA), por exemplo, podem apresentar hipersensibilidade sensorial, que se caracteriza pela resposta exagerada aos estímulos. Sendo assim, as luzes e cores se tornam mais fortes, mais brilhantes, os sons são interpretados de forma mais intensa, os odores se tornam mais fortes e as sensações táteis são interpretadas de maneira mais profunda. Por conta disso, tais comemorações podem acabar gerando irritabilidade, medo, crises de choro e até uma certa agressividade.

Uma das formas de amenizar o problema é a realização de um trabalho integrado com diferentes profissionais, que vão trabalhar com a dessensibilização sistematizada, que é a aproximação gradual aos estímulos externos e a estimulação sensorial. Mas, assim como qualquer terapia, esse trabalho demanda tempo para que os resultados esperados apareçam. Sendo assim, existem algumas dicas que podem ser colocadas em prática e que podem ajudar a minimizar os efeitos dos barulhos e das luzes dessas datas comemorativas:

– É importante dar previsibilidade à pessoa com TEA sobre o que vai acontecer, explicando o motivo e os momentos em que vão acontecer os fogos (chegada de um novo ano, por exemplo);

– É possível treinar uma dessensibilização antes das datas, mostrando imagens e até vídeos dos fogos, das festas de ano novo (o vídeo pode ser mostrado inicialmente sem áudio e, aos poucos, ir aumentando o volume);

– Pode-se usar pistas visuais para mostrar o que vai acontecer, em que local vocês vão estar, com quais pessoas, quanto tempo vai durar, quanto tempo ainda falta para tal evento (pode usar um calendário para mostrar quantos dias ou semanas ainda faltam);

– Uma outra dica é usar fones de ouvidos (que cobrem toda a orelha) para abafar o som externo;

– É interessante explicar as diferenças entre as comemorações anteriores e a prevista para este ano, para que a pessoa não espere encontrar exatamente a mesma comemoração, como local, comidas, pessoas que estarão lá, presente, entre outras coisas;

– Para o dia da festa, pode-se criar um quadro visual com todos os acontecimentos do dia (por exemplo, pode usar imagens da criança ou desenhos com a rotina do dia como o banho, colocando a roupa escolhida, entrando no carro, chegando no local da festa);

– Permita que a criança escolha a roupa que quer usar ao invés de tentar forçar que ela use uma roupa nova que ela não quer, mesmo sendo aquela que ela vem usando há tempos. Quanto mais confortável estiver, mais calma ela ficará para lidar com os desafios da festa;

– Caso seja possível, deixe um espaço reservado (um cômodo do local da festa, por exemplo), onde possa ter menos estímulos sensoriais e que possa ser usado caso a criança precise descansar ou se acalmar; procure levar brinquedos ou objetos de preferência da criança;

É importante salientar que o objetivo não é que a pessoa com autismo seja excluída e deixe de participar das festividades, mas sim criar um ambiente que seja o mais tranquilo possível para que ela se sinta segura e confortável com essa mudança na rotina e com os diversos estímulos apresentados pelo ambiente festivo.

Clínica Confortável Mente

Bianca Magliato de Lima

Terapeuta Ocupacional

Crefito 21891 –TO

(16) 21210704

Ansiedade

As vezes ela avisa que está chegando, outras, me encontra de surpresa trazendo tremores, taquicardia, rubor e sudorese. O mundo parece que gira, minha voz se cala e nada que faça consigo mandar essa visita embora, apenas tenho que esperar. Tudo volta ao normal como se nada tivesse ocorrido, e espero, por mais uma vez, inesperadamente sua visita.

Assim é a vida de quem sofre com ansiedade generalizada, transtorno caracterizado pela existência de preocupação e tensão excessiva e persistente, mesmo sem motivos óbvios. Habitualmente, existe uma preocupação irreal ou desproporcional para situações comuns. A ansiedade passa a dominar a vida da pessoa, deixando-a em constante estado de preocupação, medo ou pânico, passando a interferir nas atividades sociais, relacionamentos pessoais e atividades ligadas a escola e trabalho.

Mas, devemos lembrar que ansiedade motivada por eventos inesperados ou em situações especificas é natural, afinal, ela é um recurso para nos alertar de um perigo e fazer com que nos preparemos para enfrentá-lo. Em relação a funções orgânicas, é um momento de liberação intensa de adrenalina que antecede um momento de estresse, fazendo com nossa atenção seja totalmente direcionada ao um evento prestes a acontecer.

Devemos nos preocupar quando a ansiedade sai de situações reais e passa para o imaginário, interferindo negativamente na vida da pessoa, fazendo com que ela não consiga executar tarefas simples do dia a dia. Além disso ela pode apresentar os seguintes sintomas:

· Preocupações e medos excessivos

· Visão irreal de problemas

· Inquietação ou sensação de estar sempre “nervoso”

· Irritabilidade

· Tensão muscular

· Dores de cabeça

· Sudorese

· Dificuldade em manter a concentração

· Náuseas ou queimação no estômago

· Necessidade de ir ao banheiro com freqüência

· Fadiga e sensação de cansaço constante

· Dificuldade para dormir ou manter-se acordado

· Surgimento de tremores e espasmos

· Ficar facilmente assustado

Devemos ressaltar que a ansiedade excessiva pode colaborar para o aparecimento de algumas doenças e que a ajuda de um profissional adequado é de extrema importância!

A Importância de Falar Sobre a Saúde Mental

Cuidar da nossa saúde não se restringe a apenas procurar um médico no momento que adoecemos, cuidar da saúde é ter hábitos saudáveis para que ela não venha a nos faltar. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), o conceito de saúde é um completo estado de bem-estar físico, mental e social e, dessa forma, merece atenção em todas as suas vertentes.

Nesse contexto, podemos, categoricamente, afirmar que: Não existe saúde sem saúde mental!

Porém, infelizmente, o cuidado com a saúde mental por muito tempo sofreu grande preconceito. Quem nunca ouviu termos pejorativos associados à saúde mental? Ou, ainda, o estigma de que psicólogo é coisa de louco ou supérfluo?

Todo esse preconceito e desvalorização com a saúde levou nossa sociedade para além de adoecimento, nos levou para os diferentes conflitos pessoais, interpessoais e profissionais advindos de inabilidades dos indivíduos em lidar com suas emoções.

Em tempos de persistência da pandemia de COVID 19 não temos mais como adiar o cuidado com a nossa saúde, nesse contexto falar de saúde mental é de extrema importância para que possamos quebrar estigmas, entender mais sobre nossas emoções e aprender sobre mecanismos de enfrentamento para momentos de maiores dificuldades, além de conseguir olhar para o outro de forma mais empática, compreender os sinais de falta de saúde mental e saber a hora de buscar ajuda profissional.

Cabe ressaltar que o cuidado com a saúde mental se estende a todos, independente da idade, sendo necessário, desta forma, atenção desde o desenvolvimento e intervenções com o bebê até o idoso. Além disso, é um cuidado importante tanto para homens quanto mulheres, de qualquer profissão ou classe social.

Portanto, o Projeto Confortavelmente estará presente na DBC toda semana, para falar desse tema tão importante, buscando, desta forma, afetar vocês com um pouco de conhecimento e palavras de conforto. Até semana que vem!

Autossabotagem: Qual a Sua Responsabilidade Naquilo que Você se Queixa?

Quem não deseja a felicidade e sucesso para si mesmo? Dificilmente alguém vai responder não para essa questão, porém não basta somente desejar, é preciso ter coragem para viver a felicidade, é preciso ter convicção do que se deseja alcançar como sucesso e é preciso permitir-se viver isso.

Para muitas pessoas esse processo de se permitir não é fácil, às vezes elas geram armadilhas para si mesmo e se tornam o seu maior obstáculo para felicidade e sucesso, em outras palavras, se sabotam.

A autossabotagem é um mecanismo bastante comum, apesar de dificilmente perceptível para o próprio indivíduo, pois, na maioria das vezes, é realizado de forma inconsciente. Seu processo consiste na repetição de comportamentos prejudiciais ou que vão contra seus próprios desejos e que são sustentados em crenças internas limitadoras. Portanto, devemos estar atentos aos nossos comportamentos repetitivos que nos levam ao sofrimento.

Não existe uma única causa que leva o indivíduo a adotar comportamentos de autossabotagem, porém as mais comuns são:

– Baixa autoestima: crenças negativas e disfuncionais sobre si mesmo que fazem acreditar não ser merecedor das conquistas e subestimam a capacidade de lidar com elas. Muitas pessoas desde a infância são condicionadas a não acreditarem em si mesmas, desenvolvem baixa autoconfiança e estão sempre olhado mais para suas dificuldades do que suas potencialidades.

– Medo: Dificuldade em lidar com o diferente, medos dos riscos e das responsabilidades da vida. Para buscar o que se deseja, muitas vezes precisamos ter coragem para lidar com os desafios que estão ligados ao processo dessa conquista. Ser feliz realmente requer uma dose extra de coragem e muitas pessoas travam justamente nesse quesito.

– Ansiedade: A dificuldade em lidar com o presente e estar sempre preocupado com o futuro, fazendo muitas vezes as coisas com pressa ou, ainda, não fazer o que é necessário no momento por ficar preso aos pensamento “ e se..”, como por exemplo: “e se eu fracassar” “e se não ficar bom”…

Situações que geralmente envolvem a autossabotagem estão ligadas a falta de cuidado com a saúde, insatisfação com o trabalho sem nenhuma estratégia de mudança, dificuldades em se organizar financeiramente, procrastinação constante, dificuldades de manter relacionamentos saudáveis, dificuldades para se organizar e, em momentos de descanso, se permitir relaxar, problemas alimentares, muitas autocríticas e constante vitimização.

Como vencer a autossabotagem?

– Tomar consciência: O primeiro passo é identificar que se está nesse ciclo e buscar entender as motivações internas que levam a esse comportamento.

– Autoconhecimento: É preciso ter convicção do que se deseja alcançar, se questione mais sobre o que você realmente deseja para sua vida.

– Coragem: Sair do auto boicote requer muitas vezes sair da zona de conforto, despir-se do papel de vítima que está, muitas vezes, ligado ao processo de autossabotagem.

– Aceitar o não perfeito: Não desista por errar, ou não alcançar o que se deseja na primeira tentativa, o fracasso pode fazer parte do processo para chegar ao sucesso.

– Identifique suas potencialidades: Olhe para si mesmo enxergando todos os seus pontos fortes.

Estabeleça prioridades: Divida seus objetivos em pequenas metas e estabeleça, a curto prazo, a prioridade do que deseja.

– Desapegue-se dos seus próprios rótulos: As experiências anteriores que não foram boas não lhe definem, acredite que você é capaz de aprender e mudar, portanto, se livre de suas culpas.

– Busque ajuda profissional: Para compreender as origens desses comportamentos, buscar o autoconhecimento e enfrentar a autossabotagem você pode contar com a ajuda de um psicoterapeuta. Você não precisa estar sozinho nessa jornada.

Lembre-se: Não existem caminhos sem obstáculos e os desafios certamente estarão presentes em todas as esferas da vida, mas você pode e deve se permitir viver e ser feliz!

Texto escrito por

Thaise Fernanda Mendes Soares

Psicóloga clinica

CRP – 06/128703